28/09/2008

Criança difícil


Logo que assumi minha turma de Jardim A me deparei com uma criança difícil. Então "vasculhando" na internet achei um texto lindo, que abriu meus olhos.

Quantos de nós, diariamente, no nosso mundo, que chamamos de jardim de infância, enfrentamos o desafio de trabalharmos com crianças "difíceis"?. Crianças que nos desafiam, que "mexem com o nosso interior", que nos fazem chorar e que nos fazem sentir incapazes e inúteis...
>Vou partilhar aqui um episódio, que se passou no nosso jardim de infância (comigo e com uma criança "difícil").
>O Francisco (nome fictício), é uma criança, vista por todos com um comportamento considerado perturbador, difícil de "aturar" como todos referem, incluindo a família. Na verdade, quando ele está presente na sala da sua faixa etária, é muito difícil manter a calma e a tranquilidade, dificultando o trabalho do grupo, pois o seu comportamento é facilmente reproduzido por todos os outros elementos e muitas vezes é o Francisco que incentiva directamente as outras crianças a alterarem o seu comportamento e linguagem. Confesso, que muitas vezes, desejei que o Francisco pertence-se a outra sala qualquer, menos a minha, pois já tinha tentado todas as estratégias e mais alguma para conseguir mudar o seu comportamento, sem resultados...pensei em desistir...um dia, foi o próprio Francisco que depois de eu ficar muito zangada com ele por mais um mau comportamento, disse: "Marta, eu já não aguento mais!!", mostrando-se cansado das suas próprias atitudes...
>Na verdade, isto fez-me pensar...temos que mudar isto, eu e ele, os dois!!
>No dia seguinte, depois de eu refletir sobre isso, lembrei-me que já tinha experimentado todas as estratégias, menos uma...o colo, o abraço, as festas, o carinho....mesmo que eu não tivesse muita vontade de o fazer, mesmo, com todas as suas traquinices.
Decidi, também, não falar mais sobre o seu mau comportamento e nem deixar os outros falarem.
Nesse dia foi um grande desafio para mim, mas o Francisco foi-se acalmando durante o dia, pela minha insistência de o manter sempre perto de mim e assim, que tinha oportunidade, dava-lhe colo e fazia-lhe muitas festas.
Na hora do dormir, fui deitá-lo e fiz-lhe algumas festas, mas interrompi, porque fui deitar as outras crianças do grupo e quando terminei, o Francisco pediu: "Marta, faz-me mais festas!!" Chorei, sem ele perceber, fiquei lá, até ele adormecer. Adormeceu segurando na minha mão. Orei, para que o Francisco crescesse sem marcas negativas na sua personalidade e que a benção de Deus estivesse sempre presente na sua vida, livre de qualquer tipo de estigmatização.
>Sinto-me envergonhada, porque não tive esta atitude mais cedo, apesar de saber que era a melhor e a verdade é que preciso de coragem para continuar neste processo.
>Precisamos estar atentos a crianças aprisionadas, estigmatizadas pela família e sociedade, crianças incapazes de se salvarem da situação em que se encontram, que não têm ninguém que olhe por elas, atormentadas pelo destino, crianças que clamam por paz no seu interior.
Autor desconhecido

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